A Medicina dos Sintomas: Capitalismo e Medicina

O novo livro de Gilson Dantas, médico e sociólogo, A Medicina dos Sintomas - A Medicina Moderna e a Questão do Método, tematiza esse saber técnico no interior da sociedade capitalista. Trata-se de uma análise crítica necessária (e que deveria ser lida junto com outras obras importantes que questionam outros aspectos da medicina, tal como a obra de Ivan Illich, Nêmesis da Medicina), focalizando a questão da redução da consulta/tratamento medicinal à análise dos sintomas, exames sofistiicados e invasivos, sem preocupação com as determinações das doenças. A sociedade moderna cria uma medicina como saber técnico particular, especializado, o que já revela seus limites ao se afastar do concreto, entendido em sua historicidade e totalidade. Isso resulta em um saber parcelar, vinculado ao capitalismo, pois é mercantilizado, padecendo, portanto, de inúmeros problemas. A leitura desse livro é, portanto, necessária, bem como a luta pela transformação social e do pensamento a respeito das doenças e da saúde, ultrapassando os marcos limitados da consciência burguesa.

DANTAS, Gilson. A Medicina dos Sintomas - A Medicina Moderna e a Questão do Método. Brasília: Centelha Cultural, 2015.

PS: Esse livro também pode ser adquirido via Estante Virtual.

Paul Mattick: Contra Keynes, a Favor de Marx

O livro de Paul Mattick é uma das principais contribuições do marxismo pós-Marx para pensar o capitalismo. Ao analisar o capitalismo do pós-Segunda Guerra Mundial e a ideologia keynesiana, Mattick retoma vários elementos da abordagem de Marx e rompe com as simplificações e deformações do seu pensamento. A questão do capitalismo de Estado (URSS e semelhantes) também é abordada nessa obra, entre outras questões fundamentais. Leitura mais que recomendada.

MATTICK, Paul. Marx e Keynes - Os Limites da Economia Mista. Lisboa: Antígona, 2010.

Para Repensar o lumpemproletariado no capitalismo contemporâneo

A obra de Lisandro Braga, A Classe em Farrapos, é fundamental para a compreensão do lumpemproletariado e sua existência contemporânea, bem como o seu papel político. O livro não só resgata uma discussão teórico-conceitual sobre lumpemproletariado, contribuindo com o processo de ressignificação do mesmo, como também aponta para a sua formação histórica na história do capitalismo a partir da análise do desenvolvimento dos regimes de acumulação. Cabe destaque, também, a análise do lumpemproletariado na contemporaneidade, inserido na nova dinâmica do regime de acumulação integral, época de lumpemproletarização. Esta é uma leitura importante para entender o que já foi chamado de "classes perigosas" e que tiveram que sofrer não somente com a marginalização na divisão social do trabalho e viver em condições subumanas, como ainda ser vítima de preconceito. Para conhecer melhor o autor e a teoria do regime de acumulação integral, clique aqui.

BRAGA, Lisandro. Classe em Farrapos - Acumulação Integral e Expansão do Lumpemproletariado. São Carlos: Pedro e João Editores, 2013.

Marx contra Lênin

Esta obra de Claude Berger, cujo título original é "Marx, L'Association, L'Anti-Lênin", e acima sua versão espanhola (Marx Frente a Lênin - Associación Obrera o Socialismo de Estado), é uma leitura fundamental para todos aqueles que querem ter uma concepção mais global da relação entre a concepção de comunismo em Marx e a deformação leninista da mesma. Claude Berger apresenta as duas concepções a partir de diversos documentos e citações dos dois autores, mostrando o antagonismo da posição de ambos em relação a este aspecto, e em diversos outros relacionados, e retoma um termo fundamental no pensamento de Marx: a associação. Sem dúvida, a concepção de comunismo em Marx remete para a questão da associação, tal como ele colocou em diversas passagens em que o identificou como "livre associação dos produtores", "produtores livremente associados". As associações operárias seriam as formas usadas pelo proletariado para sua autoemancipação e constituição da nova sociedade. Temas como as greves, abolição do salariato, entre outros, também estão presentes. Para ver um texto de Marx, pouco conhecido e pela primeira vez traduzida para português, clique aqui, e para ver um comentário de Claude Berger sobre tal texto, clique aqui. Um dos poucos problemas do livro de Berger é a crítica ao uso do termo "autogestão" (ao invés de associação), mas isso é compreensível tendo em vista que ele escreveu essa obra nos anos 1970 (publicada em 1974, em Paris), numa época em que a palavra autogestão estava sendo deformada pela pseudoesquerda partidária (a socialdemocracia e CFDT, querendo adaptá-la para seus interesses reformistas, e o bolchevismo, querendo descartá-la por seu "esquerdismo" que nega a burocracia partidária e estatal). Em síntese, é uma leitura essencial para recuperar o verdadeiro pensamento de Karl Marx.

BERGER, Claude. Marx Frente a Lênin. Asociación Obrera o Socialismo de Estado. Madrid: Zero-Zix, 1977.

Ler e Reler! Reler e Ler! Ler e ler!

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O objetivo aqui é indicar leituras importantes para o aprofundamento de alguns temas, pois "ler é preciso!"